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Morre o jornalista e professor Nilson Lage

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Por César Valente*

A repercussão nacional da morte do jornalista e professor Nilson Lage dá uma medida do respeito e da admiração que ele conquistou (sem fazer concessões), ao longo da vida. Carioca, com 84 anos, morreu segunda-feira, dia 23 de agosto de 2021, no hospital, de complicações decorrentes de um câncer no pulmão. E até o final mantinha o espírito lúcido e a mente afiada, publicando textos com a sempre reconhecida clareza e precisão.

Ao completar 80 anos publicou uma crônica (“Não imaginava durar tanto”) onde fazia um resumo da sua carreira. Começava falando da saúde, seu ponto fraco: “Tirando o que o tempo estragou – dois terços das funções pulmonares, um olho, a cabeleira, os dentes – a saúde é ótima, diz-me a jovem médica, mentindo como de praxe. Mas a pressão arterial é 8×12 e o colesterol HDL, alto como raramente se vê.”

Para custear os estudos de medicina, ainda muito jovem, começou a trabalhar como revisor em jornais do Rio de Janeiro, que estavam se renovando tecnicamente. Transformou-se em “copydesk” (uma espécie de revisor de luxo, que além de corrigir erros de grafia, melhorava a redação das reportagens), que era consultado por todos os jornalistas a respeito dos mais diversos assuntos.

Começou a dar aulas no curso de jornalismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro antes de concluir a sua própria graduação. Depois fez mestrado e doutorado (em linguística). Como ele mesmo diz “de olho no aumento do salário de professor, mas sempre desconfiei da academia”.

Aposentado no Rio depois de 37 anos de trabalho, veio para Florianópolis disputar uma vaga de professor titular na Universidade Federal de Santa Catarina. No curso de Jornalismo da UFSC ele trabalhou mais 14 anos e foi aposentado compulsoriamente, por causa do limite de idade (70 anos).

Continuou escrevendo no Facebook e o último jornal com que ele colaborou com regularidade foi o Diarinho, de Itajaí, onde manteve uma coluna nas edições de final de semana entre março de 2017 e novembro de 2019.

Apesar dos problemas de saúde dizia que “Viver tem sido experiência fascinante”. E comprovou, com sua coerência e permanente senso crítico, sem fanatismos, que a idade não prejudica, atrapalha ou compromete o caráter.

Uma das filhas, Janaína cita, no seu perfil de Facebook, que esteve com o pai nesses últimos dias e ouviu dele, na quinta-feira, o seguinte: “Eu tive uma vida linda e devo grande parte disso a vocês. Tenho muito orgulho de todas vocês, pois são pessoas decentes. E no fim, só isso importa”.

Nilson era casado há 30 anos com Nildes Macedo Lage, que conheceu há 50 anos quando ela estudava hebraico e ele letras. E teve quatro filhas, Angela Lage, Cláudia Cresciulo, Janaina Lage e Clara Lage. A pedido dele, não houve velório e o corpo foi cremado hoje, dia 24 de agosto.

*Especial para o Portal da Casa do Jornalista

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