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Debate sobre jornalismo em Florianópolis reúne entidades de imprensa e comunidade

Estudo conduzido pela UFSC aponta caminhos para engajar o público, ampliar a cobertura e tornar o jornalismo local mais sustentável

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Entidades representativas da imprensa, estudantes, professores e associações comunitárias participaram na última quarta-feira (23) de um debate sobre o jornalismo na Capital catarinense.
A presidente da ACI, Déborah Almada, representou a entidade no evento no qual foi apresentado em primeira mão  os resultados de um levantamento realizado por pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) sobre como os moradores de Florianópolis consomem notícias.

O estudo foi realizado pelo Laboratório de Práticas para o Jornalismo Local a Serviço dos Públicos (LocalJor), vinculado ao grupo de pesquisa TransformaJor da UFSC e com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc) e registro no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Quais temas mais interessam à população? Que tipo de relação as pessoas têm com os veículos jornalísticos da cidade? Essas e outras perguntas foram respondidas no estudo “O que conecta os públicos ao jornalismo local: hábitos, interesses, sustentabilidade, engajamento e participação em Florianópolis”.

A pesquisa foi liderada pela pós-doutoranda Andressa Kikuti e pelos professores Jacques Mick e Samuel Pantoja Lima, do Programa de Pós-Graduação em Jornalismo da UFSC.

Foram entrevistadas 604 pessoas de diversas regiões de Florianópolis, em uma amostra que reflete a diversidade da população quanto à idade, gênero, raça/cor, escolaridade, renda e localização. As entrevistas foram feitas entre maio e junho de 2024, em ruas, terminais de ônibus, pontos de comércio e residências.

Retrato da cobertura local e os novos hábitos de consumo

O relatório traça um panorama das transformações no jornalismo local nas últimas décadas, marcadas pela ascensão das redes sociais, a redução da cobertura jornalística tradicional e a disseminação da desinformação.

O estudo também identifica os principais temas que fazem falta na cobertura jornalística, além de revelar que a maioria do público ainda confia nos jornalistas e valoriza conteúdos com profundidade, clareza e diversidade de pontos de vista.

Os dados revelam que as redes sociais se consolidaram como a principal porta de entrada para as notícias locais, especialmente o Instagram. Perfis populares nas redes ganham relevância por adotar uma linguagem mais direta e próxima do cotidiano, o que mostra a necessidade de formatos que conversem com os hábitos e contextos da audiência local.

Outro destaque do relatório é a resistência da população à ideia de pagar por notícias, seja por meio de assinaturas ou da criação de uma taxa pública. Apesar disso, parte dos entrevistados demonstrou abertura para discutir alternativas de financiamento com a comunidade, o que indica que ainda há espaço para o debate sobre modelos sustentáveis.

A pesquisa propõe caminhos para fortalecer o jornalismo local e incentivar a participação da população, como a criação de modelos colaborativos de produção, financiamento público ou via fundações, taxação de plataformas digitais e o uso de tecnologias como a inteligência artificial.

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