Projeto da Revista Pobres & Nojentas, iniciado em 2023, de entrevistas com trabalhadores e trabalhadoras do jornalismo catarinense. Neste episódio ouviu o repórter Celso Vicenzi.
Já está no ar mais um episódio da série Repórteres/SC, com o depoimento do jornalista Celso Vicenzi. Ele conta a história do gurizinho que queria ser jogador de futebol e escrever humor, mas que acabou encontrando a estrada do jornalismo. Leitor dos clássicos da literatura, apaixonado pela palavra, o caminho trilhado encontrou a reportagem, esse gênero do jornalismo que exige estofo e trabalho pesado.
Ele relembrou grandes coberturas e deu boas dicas para a geração que hoje está começando no jornalismo. Depois, fora da cena, como a vida é rica e cheia de memórias, deixou registrada uma nova leva de lembranças:
– a série de materiais com a Família Schurmann, com quem passou 45 dias entre a Argentina e o Chile, na segunda volta ao mundo que fez. E foi no período a segunda pior tempestade, ventos de 80 km/h durante 12 horas e rajadas de até 100 km/h.
– uma série de reportagens para o Diário Catarinense sobre a violência contra a mulher, em que usaram nas capas imagens impactantes de Picasso, Munch, Dali, Magritte, Debret e Delacroix, entre outros. E na contracapa apareciam obras de Mondrian. Nos quadrados e retângulos coloridos, colocava um resumo dos BOs de violência praticadas contra as mulheres, apenas com as iniciais delas e dos agressores.
– a experiência de pauteiro da TV Barriga Verde, quando foi implantada em Florianópolis, e fazia parte da equipe, para quem fez muitas pautas, a jornalista Sônia Bridi, que veio a se tornar uma das grandes repórteres da TV do Brasil, com atuação na Rede Globo.
– uma referência a Renan Antunes de Oliveira como exemplo de um grande jornalista de texto. Renan ganhou o Prêmio Esso de Reportagem de 2004, sobre o suicídio do filho de um importante político do RS. “Uma aula de jornalismo”, destacou Celso. O nome da matéria é “A tragédia de Felipe Klein”. Vale a pena conferir, além do livro que Renan escreveu sobre as suas principais reportagens.
– a referência às muitas exposições fotográficas quando esteve à frente do Sindicato dos Jornalistas de SC (SJSC), sendo uma delas, no CIC, a World Press International, a maior do mundo, e os 20 anos da Agência Gamma, uma das três maiores faça planeta.
– Também no CIC, traz a exposição dos principais cartunistas brasileiros com show da banda “Muda Brasil Tancredo Jazz Band”, com os irmãos Paulo e Chico Caruso, Luis Fernando Verissimo e Reynaldo (do Casseta e Planeta).
– Esse período do Sindicato foi tão intenso que acabou integrando o livro da professora doutora Ilse Scherer-Warren em co-autoria com Jean Rossiaud, intitulado “Democratização em Florianópolis: resgatando a memória dos movimentos sociais”. Dez pessoas foram ouvidas no livro, Celso uma delas, como presidente do Sindicato, junto com o padre Vilson Groh, Luci Choinacki, Clair Castilhos, João Carlos Nogueira e outros.
– Mencionei os bons tempos dos frilas, que não existem mais. Celso escreveu durante cerca de uma década para a revista Visão e colegas de redação eram correspondentes da Veja, Folha de S. Paulo, Estadão, Jornal do Brasil, O Globo, Revista Placar e outros.
Entrevista realizada no dia 09 de maio de 2023.
Apoio: Instituto de Estudos Latino-Americanos (IELA/UFSC)