Projeto da Revista Pobres & Nojentas, iniciado em 2023, de entrevistas com trabalhadores e trabalhadoras do jornalismo catarinense. Neste episódio ouviu o repórter Dario de Almeida Prado Jr.
A entrevista desta edição do Repórteres SC traz as memórias de Dario, nascido em Lins, São Paulo, e que escolheu Florianópolis para trabalhar e viver. Vindo de família tradicional no Brasil, teve boa formação escolar e bem cedo se apaixonou pela leitura. Esse caminho pelo mundo dos livros lhe aprimorou a escrita. Com 15 anos chegou a São Paulo. Era o ano de 1967 e logo já trabalhava como office boy no Conselho Regional de Representantes Comerciais. Mais tarde, foi na Revista Veja que iniciou seu caminho na reportagem, aos 17 anos, sob o comando de Mino Carta.
Tentou o Curso de Administração, mas não deu para nada. Abandonou. E assim, com 20 anos de idade foi convidado para vir para Santa Catarina trabalhar com Sérgio da Costa Ramos. Topou na hora e veio para o jornal O Estado onde baixou a página de Internacional numa época grandiosa do “mais antigo”.
Foi uma longa jornada no campo do texto, como repórter especial e criador de projetos, e foi só bem mais tarde que a fotografia entrou em sua vida como uma opção profissional. Uma câmera Canon e um empréstimo no Besc foram as chaves para essa nova função na carreira. Foi trabalhar na Telesc, fotografando projetos de energia rural e fazendo as capas da Listel. A vida naqueles dias era uma usina atômica, com o renascimento do movimento estudantil de Santa Catarina que culminou com a novembro. Dario estava metido nisso, fotografando e militando.
Também participou da produção de um documentário sobre o Contestado fazendo o making off e inventariando o trabalho de fotografia. Foi um momento incrível para Dario porque nesse trabalho vai conhecer pessoas que participaram do conflito. “Um povo que só queria uma vida digna”, se emociona. É o único documentário que tem depoimento dos combatentes.
Dario teve a sorte de estar no lugar certo em momentos importantes da história e pôde aproveitar todas as oportunidades que surgiram. A bebida foi uma pedra no caminho e envolveu reveses, mas, ele deu a volta por cima e segue fazendo coisas, criando, fotografando, lendo e vivenciando as maravilhas do mundo. Essa estrada de mais de 70 anos vívidos, com quase 60 dedicados ao jornalismo e a reportagem é a que vocês vão conhecer agora.
Entrevista realizada no dia 27 de junho de 2023.
Apoio: Instituto de Estudos Latino-Americanos (IELA/UFSC)